A involução da humanidade à revelia dela própria.
- Politiza MT
- 28 de dez. de 2023
- 3 min de leitura
A redução espontânea da afetividade e a perda por descontinuidade nas relações humanas através da desconsideração de seus precedentes históricos serão duas das principais responsáveis por nosso desaparecimento. A outra será resultado de nossa ignorância cognitiva.
Sabe aquele conceito de revelia que está no Código de Processo Civil e expressa o estado ou a qualificação do réu por ausência ou falta de defesa em um julgamento após ser citado?
Pois estão, é neste rumo que estamos indo na medida em que somos desconsiderados por nossos descendentes ao abandonarem antigas tradições e legados históricos, quando então os substituem por outras formas de comunicação com o passado para viverem o presente e planejarem o futuro.
Essa evolução as avessas ou involução é que está definindo o rumo a seguir e nele, ao que tudo indica, cada vez menos estarão presentes a ação, a interação, a integração e, por fim, a inteligência humana.
No entanto, sempre haverá questionamento por parte de quem defende esse paradigma inovador, que há um bom tempo vem torniquetando a humanidade, tomando seu lugar na prática pedagógica de transmitir conhecimento e com isso causando inflexíveis mudanças na forma de aprendizagem, seja para melhor ou pior, o que só o tempo dirá. No entanto, dá para se ter uma boa ideia do que vem por ai pelo mal que já vem causando.
Razão pela qual nossa dependência do conhecimento que antes era obtido através do saber de outras pessoas estar se tornando objeto de contestação dentro do mundo desconexo em que vivemos. Basta observar que os mais velhos, aqueles que acumularam experiências de vida com o trabalho, suas relações profissionais e afetivas já não são procurados para orientar.
Agora, quando surge uma dúvida ou necessidade de esclarecimento a quem recorremos? Aos avós, aos pais, aos professores? Não, quem orienta, determina e detém o saber são outras instâncias, as tecnológicas. É a Inteligência Artificial (IA), ocupando espaços humanos e evoluindo rapidamente para definir o que faremos, quantos seremos e até quando vamos existir.
Agora, resta saber o que a humanidade vai fazer para prosseguir em sua jornada quando uma inteligência similar e originária da sua aos poucos está decidindo em seu lugar e de forma autônoma. Tudo com base nos padrões de comportamento armazenados em seus bancos de dados permanentemente alimentados por informações que buscam traduzir nossas reações e que certamente passará a tomar suas próprias decisões utilizando de algoritmos que simulam o raciocínio humano.
Alguém ainda tem dúvida de que algumas dessas “decisões” já não estejam sendo tomadas em detrimento à nossa pré-histórica massa encefálica?
Pois é! E tem mais, porque dentre as várias questões que a IA certamente não levará em conta devido seu raciocínio extraordinariamente lógico estão as raciais, de gênero, patrimoniais, sexuais, sociais e tantas outras esquisitices dos seres humanos, que de resto tudo o que vier a controlar será de fácil resolução.
Assim, decisões do tipo: quando outra epidemia vai acontecer e qual será sua letalidade; onde explodir uma bomba atômica, qual será sua potência e quem sobreviverá, serão determinadas por entes tecnológicos com redes neurais e não por aqueles que começaram tudo isso pensando que iriam manter o controle sobre algo que a cada segundo se torna mais competente, portanto, independente e capaz.
Que nosso Deus, Aquele que não existe para a IA, tenha piedade de nós.
PS – Já há casos de danosos estranhamentos entre máquina e seres humanos acontecendo mundo a fora.
Publicado em 28/12/2023 por MAPortocarrero
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