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Ex-funcionário da USAID, Mike Benz, virá ao Brasil para revelar nomes ligados a suposto financiamento nas eleições de 2022

Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos e conhecido por suas denúncias sobre a atuação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciou que virá ao Brasil para apresentar uma lista de indivíduos e organizações que, segundo ele, receberam recursos da agência durante as eleições presidenciais de 2022.
Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos e conhecido por suas denúncias sobre a atuação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciou que virá ao Brasil para apresentar uma lista de indivíduos e organizações que, segundo ele, receberam recursos da agência durante as eleições presidenciais de 2022.

A revelação, que ganhou destaque em postagens nas redes sociais, promete reacender debates sobre suposta interferência externa no processo eleitoral brasileiro.

Benz, que serviu como chefe da divisão de informática durante o primeiro mandato do ex-presidente Donald Trump, tem afirmado em entrevistas e podcasts, como o War Room de Steve Bannon, que a USAID teria financiado iniciativas de combate à desinformação no Brasil com o objetivo de censurar figuras políticas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele alega, sem apresentar provas documentais públicas, que a agência destinou “dezenas de milhões de dólares” para influenciar o resultado eleitoral, favorecendo a derrota de Bolsonaro.

A vinda de Benz ao Brasil foi noticiada em postagens no X, onde apoiadores do ex-presidente celebraram a possibilidade de novas revelações. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDEN) da Câmara dos Deputados aprovou, em 26 de março de 2025, um convite para que Benz participe de uma audiência pública, a fim de esclarecer suas acusações. O requerimento, apresentado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), reflete preocupações de parlamentares bolsonaristas sobre a soberania nacional e a integridade do processo democrático.


Contexto das acusações

As denúncias de Benz surgiram em um momento de tensão política, após o bilionário Elon Musk, aliado de Trump, classificar a USAID como uma “organização criminosa” e defender sua reformulação. No Brasil, as alegações do ex-funcionário do Departamento de Estado foram amplificadas por políticos da oposição, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que anunciou a coleta de assinaturas para a criação de uma CPI da Censura. A comissão teria como objetivo investigar supostas violações de liberdade de expressão e interferências no pleito de 2022.

No entanto, as acusações de Benz carecem de evidências concretas. Relatórios do Estadão Verifica e da agência de checagem Aos Fatos apontam que não há registros públicos de repasses da USAID para projetos relacionados às eleições brasileiras em 2022. Segundo o site ForeignAssistance.gov, os recursos da agência no Brasil, que totalizaram cerca de US$ 29,2 milhões no ano fiscal de 2022, foram direcionados principalmente para saúde, educação, conservação ambiental e combate ao crime organizado. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não aparece na lista de beneficiários de assistência estrangeira da USAID, e a Embaixada dos EUA negou qualquer envolvimento de funcionários da agência no tribunal.


Parcerias TSE-USAID

Embora Benz e seus apoiadores citem eventos de 2021 como prova de interferência, esses episódios referem-se a parcerias públicas entre o TSE e a USAID. Em maio de 2021, o TSE lançou o Guia de Combate à Desinformação, elaborado pelo Consórcio para Eleições e Fortalecimento do Processo Político (CEPPS), com supervisão da USAID. Em dezembro do mesmo ano, o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, participou de um evento virtual sobre transformação digital, promovido pela mesma entidade. Ambas as iniciativas foram amplamente divulgadas pelo TSE e focaram no fortalecimento da democracia e no combate à desinformação, sem qualquer indício de financiamento direto a campanhas ou censura de candidatos.


Reações e desmentidos

Organizações citadas por Benz e por políticos brasileiros, como a agência de checagem Lupa e o movimento Sleeping Giants Brasil, negaram ter recebido recursos diretos da USAID. A Lupa esclareceu que seus projetos são financiados por outras entidades, como o International Center for Journalists (ICFJ), e que não possui relação direta com a agência americana. Da mesma forma, a empresa britânica Smartmatic, falsamente associada às urnas eletrônicas brasileiras, confirmou que não atuou nas eleições de 2022 e que seu trabalho com a USAID limitou-se a um projeto na Bósnia-Herzegóvina.

O TSE, por sua vez, reiterou que as urnas eletrônicas são projetadas por servidores da Justiça Eleitoral e produzidas sob licitações públicas, refutando alegações de interferência externa. A Resolução nº 23.607/2019 do TSE proíbe doações de fontes estrangeiras para campanhas eleitorais, reforçando a legalidade do processo.


Expectativas para a visita

A chegada de Benz ao Brasil, ainda sem data confirmada, é aguardada com expectativa por apoiadores de Bolsonaro, que veem na audiência pública uma oportunidade de expor supostas irregularidades. No entanto, a falta de provas concretas nas denúncias do ex-funcionário levanta dúvidas sobre o impacto de suas revelações. Para analistas, as acusações podem servir mais como combustível para narrativas políticas do que como base para investigações sólidas.

A vinda de Benz também ocorre em um contexto de polarização, com a oposição buscando desgastar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Parlamentares como Gustavo Gayer (PL-GO) e Filipe Barros (PL-PR) têm defendido a criação de uma CPI para apurar as alegações, enquanto o governo e o TSE mantêm silêncio oficial sobre o tema.


Conclusão

As acusações de Mike Benz sobre a atuação da USAID nas eleições de 2022 permanecem no campo das alegações sem comprovação documental. Sua visita ao Brasil, embora possa intensificar o debate político, enfrenta o desafio de apresentar evidências que sustentem suas graves denúncias. Enquanto isso, checagens independentes e registros públicos continuam a desmentir as teorias de interferência, reforçando a transparência do processo eleitoral brasileiro.

Fontes: Estadão Verifica, Aos Fatos, Gazeta do Povo, ForeignAssistance.gov, Tribunal Superior Eleitoral



Nota do autor: Esta matéria foi elaborada com base nas informações disponíveis até 8 de maio de 2025, incluindo reportagens, checagens de fatos e postagens no X. Caso novas evidências sejam apresentadas, o tema pode demandar atualizações.

GLOCK/X


 
 
 

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