Guerra entre Israel e Líbano vai ‘Alterar o Oriente Médio’, diz ex-analista do Pentágono
- Politiza MT
- 23 de set. de 2024
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Nesta semana, em dois incidentes separados, Israel teria explodido milhares de dispositivos de comunicação no Líbano, ferindo milhares e matando dezenas, incluindo civis e crianças. O movimento xiita do país, o Hezbollah, chamou o ataque de uma violação da sua soberania e um ato de guerra. A região parece estar a um fio de distância da guerra em larga escala.
A guerra israelense no Líbano ameaça remodelar todo o Oriente Médio, já que Israel ataca mais seus adversários e tenta incitar os Estados Unidos a se juntarem à sua guerra, disse em entrevista à Sputnik Michael Maloof, o ex-analista sênior de Política de Segurança do gabinete do secretário de Defesa dos EUA.
“[O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu] tentará ampliar toda essa coisa e será uma confusão por algum tempo. Isso vai alterar a aparência de todo o Oriente Médio”, explicou Maloof, acrescentando que se o Irã for atacado, isso poderia envolver a Rússia e Turquia, criando uma guerra mundial com uma frente na Europa e no Oriente Médio.
Em março de 2023, o ministro das Finanças israelense Bezalel Smotrich mostrou um mapa durante um discurso do chamado “Grande Israel”, que incluía não apenas a Cisjordânia e Gaza como parte de Israel, mas também partes da Jordânia.
O ministro também disse que o povo palestino é uma invenção dos últimos 100 anos [apesar de residirem na região à milênios]. Em setembro de 2023, apenas duas semanas antes dos ataques de 7 de outubro, Netanyahu mostrou um mapa rotulado “O Novo Oriente Médio” na ONU que não mostrava as fronteiras de Gaza e Cisjordânia, as incluindo em território de Israel.
“Acho que porque [Netanyahu] se tornou tão fanático ouvindo seus ministros raivosos de Smotrich e [o ministro de Segurança Nacional Itamar] Ben-Gvir ele […] não tem escolha senão ficar, assumir isso, porque se ele simplesmente for contra eles ele será removido [do cargo] e submetido à exposição de ação judicial por acusações de corrupção contra ele”, explicou Maloof.
Neste mapa uma “diferente” visão do ORIENTE MÉDIO: O GRANDE ISRAEL: Em 04 de setembro de 2001 uma manifestação foi realizada em Jerusalém, para apoiar à ideia da implantação do Estado de Israel desde o RIO NILO (Egito) até o RIO EUFRATES (Iraque). Foi organizado pelo movimento Bhead Artzeinu (“Para a Pátria”), presidido pelo rabino e historiador Avraham Shmulevic de Hebron. De acordo com Shmulevic: “Nós não teremos paz enquanto todo o território da Terra de Israel não voltar sob o controle judaico …. Uma paz estável só virá depois, quando ISRAEL tomar a si todas as suas terras históricas, e, assim, controlar tanto desde o CANAL de SUEZ (EGITO) até o ESTREITO de ORMUZ (o IRÃ) … Devemos lembrar que os campos de petróleo iraquianos também estão localizadas na terra dos judeus”. UMA DECLARAÇÃO do ministro Yuval Steinitz, do Likud, que detém o extenso título de ministro da Inteligência, Relações Internacionais e Assuntos Estratégicos de Israel hoje: “Estamos testemunhando o extermínio do antigo Oriente Médio. A ordem das coisas esta sendo completamente abalada. O antigo Oriente Médio está morto, e o novo Oriente Médio não está aqui ainda. Esta instabilidade extrema poderia durar mais um ano, ou até mais alguns anos, e nós não sabemos como a nova ordem do Oriente Médio vai se parecer à medida que emergir a partir do caos e derramamento de sangue e fumaça atual. É por isso que devemos continuar a agir com premeditação”. No mapa acima podemos ver as pretensões de judeus radicais (tão ou mais radicais quanto os fanáticos islâmicos).
“Mas em segundo lugar, sua atenção agora se voltou mais para o norte [longe de Gaza e em direção ao Líbano] e para o leste na Cisjordânia, como ele tinha prometido e seu objetivo final é o Irã. Não podemos esquecer isso. Ele deixou isso bem claro quando delineou seu plano de guerra ao Congresso e o Congresso dos EUA aplaudiu.”
Em março, Benjamin Netanyahu falou ao Congresso alegando que o Irã é uma ameaça para o mundo. Os EUA estão aparentemente impotentes para prevenir essa inevitabilidade devido às forças entrincheiradas dentro e ao redor de seu governo que têm um interesse próprio em manter a guerra em andamento.
Enquanto o Hezbollah se concentrou em alvos militares, já que ambos os lados foram forçados a evacuar áreas ao redor de sua fronteira, Maloof prevê que mais civis israelenses serão atingidos devido ao ataque israelense aos pagers.
“Dado o quão alastrados foram os ataques em todo o Líbano com os pagers, acho que nós provavelmente poderíamos ver cada vez mais ataques contra alvos civis como uma consequência. E isso é lamentável, mas esta é uma guerra total e eu acho que Netanyahu realmente provocou isso a ele próprio.“
O Hezbollah tem repetidamente afirmado que seus ataques contra Israel pararão assim que um cessar-fogo for alcançado em Gaza. No entanto, Netanyahu prometeu o regresso dos israelenses à fronteira norte, criando uma zona tampão até o rio Litani no Líbano. “Mas isso não vai acontecer”, explicou Maloof. “O Hezbollah não vai concordar com isso. E eles vão tornar o norte de Israel inabitável como consequência.”
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