MP denuncia 11 pessoas por participação em “ecossistema” do PCC na Cracolândia
- Politiza MT
- 20 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Investigação concluiu que grupo mantinha "quartel-general" de atividades criminosas na Favela do Moinho, no centro de São Paulo
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou 11 pessoas pela participação em um “ecossistema” criminoso do PCC na região da Cracolândia, no centro de São Paulo.
O MP-SP concluiu que a organização mantinha uma série de atividades ilícitas no local como tráfico de drogas, comércio ilegal de peças de veículos e celulares e corrupção de agentes públicos que extorquiam comerciantes da região.
Segundo o órgão, a Favela do Moinho servia como um “verdadeiro ‘quartel-general’ de todo ecossistema criminoso na região central de São Paulo” e para o abastecimento de entorpecentes no território.
Com o domínio da região, o PCC fazia a vigilância e monitoramento da atuação da polícia a partir da captação de sinais de rádios transmissores.
O grupo era comandado por Leonardo Monteiro Moja, conhecido como “Leo do Moinho”. Veja a lista dos acusados:
Leonardo Monteiro Moja
Raquel Maria Faustina Monteiro Moja
Jefferson Francisco Moja Teixeira
Alberto Monteiro Moja
Ivan Rodrigues Ferreira
Janaína da Conceição Cerqueira Xavier
Valdecy Messias de Souza
Paulo Márcio Teixeira
Ingrid de Freitas
Wellington Tavares Pereira
Alfredo da Silva Bertelli Prado
Eles são acusados pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e violação de comunicação radioelétrica.
O ministério pediu a prisão preventiva de Jefferson e Alberto Moja, que comandavam as atividades ilegais na ausência de Leo do Moinho. O líder do grupo havia ficado preso entre 2021 e 2023.
O órgão afirma que os dois conseguirão manter o funcionamento da organização criminosa, caso permaneçam soltos, além serem indivíduos reincidentes e que respondem a processos criminais.
A denúncia foi apresentada à Justiça na última segunda-feira (19).
Resultados da investigação
As investigações, que duraram cerca de um ano, apuraram que o grupo possui amplo acesso às comunicações das autoridades com a instalação de rádios na região. Assim, os criminosos conseguem antecipar as ações policiais e até despistá-las.
De acordo com o ministério, esse nicho é muito importante para o exercício de toda organização criminosa.
Isso porque, ao obter informações privilegiadas de operações da polícia, os criminosos prosseguiam com o tráfico de drogas na Favela do Moinho.
A denúncia também aponta que há indícios de uma rede estruturada de receptadores, instalados em comércios na região, que absorvem produtos roubados e armazenam e vendem em seus estabelecimentos.
Além disso, o relatório mostra que as práticas ilegais ainda serviram para violar os direitos de inúmeras pessoas, em afronta a dignidade do ser humano.
O MP-SP concluiu que a família Moja, liderada por Leonardo Monteiro Moja, se aproveitou da desorganização e ausência das autoridades na região para instalar um ambiente de diversas atividades criminosas.
Essas práticas se retroalimentam e violam direitos humanos básicos das pessoas na região, principalmente de dependentes químicos, que eram incitadas a irem contra ações da polícia.
Operação Salus Et Dignitas
A investigação do Ministério Público resultou em uma “megaoperação” na Cracolândia, na região central da capital paulista, no dia 6 de agosto.
A ação terminou com 15 pessoas presas e 56 imóveis interditados. De acordo com o balanço divulgado pelo governo de São Paulo, dez foram presos em flagrante e cinco por mandado judicial.
Leonardo Monteiro Moja, que estava em liberdade condicional, foi preso na operação.
Também foram alvos três guardas-civis metropolitanos e um ex-agente da GCM suspeitos de operar o núcleo que extorquia dinheiro de comerciantes da área.
Os dados finais apontaram para a apreensão de 348 munições, 122 celulares, 78 veículos, 35 computadores, 22 quilos de drogas, oito radiocomunicadores, três armas e dois simulacros.
As equipes ainda apreenderam mais de R$ 264 mil em espécie, obtidos pela quadrilha com o tráfico de drogas. Ao todo, foram cumpridos 117 mandados de busca e apreensão e sete de prisão.
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