POR QUE TRUMP VENCEU?
- Politiza MT
- 13 de nov. de 2024
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Eis a questão mais recorrente no atônito mainstream jornalístico do planeta. Como foi possível o retorno daquele que, em 2020, foi habilmente alijado pelo sistema político-financeiro mais poderoso do mundo? As vitórias, ou derrotas em batalhas, demandam análise no contexto mais amplo da guerra, que muitos desconhecem, ou não conseguem vislumbrar de suas posições táticas.
O comportamento da sociedade americana, nas eleições de 2024, revigora a esperança da maioria da população mundial, subjugada por um pequeno grupo de metacapitalistas com poderes quase ilimitados e cada vez mais concentrados. Difícil saber se foi apenas um tropeço, um pequeno acidente de percurso, ou estamos diante de um real ponto de inflexão e mudança de rumo. Afinal, trata-se apenas de uma batalha, na complexa guerra de reordenamento da ordem mundial.
O êxito expressivo de Donald Trump, conquistando todos os estados decisivos para a vitória no colégio eleitoral, com 312 votos (42 a mais que os 270 necessários) foi inquestionável. Diferente do que ocorreu em 2016, quando foi morar na Casa Branca sem ter obtido a maioria dos votos populares, em 2024, superou em mais de 2% os votos totais de sua adversária Kamala Harris. O triunfo lhe garantiu maiorias no Senado, na Câmara e a manutenção do pensamento conservador como predominante na Suprema Corte, abrindo caminho para mudanças significativas tanto em políticas domésticas quanto internacionais.
Seu retorno ao governo marca uma mudança profunda nas prioridades políticas dos EUA, com amplas implicações para a economia, liberdades individuais, alianças geopolíticas e, até mesmo, para a sobrevivência dos estados nacionais, sob constante ataque da burocracia dos organismos multilaterais na União Europeia, ONU, etc.
Retornando à pergunta inicial, como foi possível a reação do senso comum, de viés mais conservador, em um contexto acadêmico-cultural dominado pelas forças “progressistas” de forte identidade neomarxista? A explicação talvez seja bem simples e ligada a um único vocábulo: EXAGERO.
A esquerda errou a mão na dosagem de suas pautas identitárias, na imposição do terrorismo ambiental e na obsessão pelo controle da opinião pública, via censura travestida de regulação das redes sociais e combate à “desinformação”. A imigração descontrolada, que afligia apenas a Europa, se transformou em realidade também na América durante o governo do atual Partido Democrata, completamente desfigurado pelo domínio de elites globalistas.
Se a gestão mundialmente orquestrada na pandemia despertou grande desconfiança, a forma ardilosa adotada para afastar líderes conservadores e populares, como Trump e Bolsonaro, acendeu definitivamente a luz amarela entre lideranças intelectualmente honestas de vários espectros políticos e segmentos da sociedade. Trump não teria vencido sem a contribuição decisiva de Robert Kennedy Jr, Tulsi Gabbard, Elon Musk e tantos outros que deixaram de lado suas filiações partidárias históricas para se juntar ao esforço de reação contra o arbítrio e a erosão das liberdades.
A escolha de um Vice-Presidente de apenas 40 anos, um millennial apto para se comunicar em podcasts populares, explicando ideias complexas em termos simples, também foi muito relevante. Não foi uma vitória do Partido Republicano, ou do tradicional GOP (Grand Old Party), mas a resistência orgânica de uma sociedade que entendeu os riscos que se agravaram durante a gestão Biden.
Com a sinergia entre as três esferas de governo e maior protagonismo da inovação do setor privado (representado por Musk), a política econômica deverá priorizar a desregulamentação, cortes de impostos e um novo impulso pela independência energética, visando ao crescimento e fortalecimento internos para o enfrentamento dos desafios da “segunda guerra fria” em curso, que posiciona a (ainda) potência hegemônica como esteio das democracias liberais, em contraponto ao eixo emergente de poder, bastante autocrático, liderado pela China e integrado por Rússia, Irã, Síria, Bielorrússia, Coréia do Norte, Cuba, Venezuela, Nicarágua, dentre outros.
Seguramente, haverá mudanças significativas nos conflitos armados no leste europeu e oriente-médio. A “pax trumpista” é aguardada na Ucrânia e em Israel e o pragmatismo chinês tem melhor desempenho diplomático no ambiente das relações mais francas e objetivas, típicas do empresário Trump.
Por último, cabe ressaltar as invulgares semelhanças entre a experiência norte-americana e o processo psicossocial em curso no Brasil. Um delay (defasagem) de 2 anos é rigorosamente respeitado, desde 2016, quando Trump é eleito e Bolsonaro conquista a faixa presidencial em 2018. Ambos foram sabotados pelo establishment durante seus governos, expurgados de forma vil pelo sistema ao término de seus primeiros mandatos, tornaram-se alvos de inescrupuloso lawfare (no intuito de os tornar inelegíveis) e foram vítimas, até mesmo, de desesperadas tentativas de homicídio.
Se não existe real amizade entre nações, que prioritariamente buscam os interesses de seus cidadãos, entre pessoas de carne e osso a amizade é algo muito poderoso. Que o “deep state” tupiniquim se prepare, pois Trump e Bolsonaro tornaram-se amigos de verdade durante as agruras do combate político.
Fonte:
Gerson Gomes
@gersongomes
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